quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

127 Horas

Aron Ralston (James Franco) é um aventureiro. Em um final de semana de março de 2003, ele partiu para uma região de canyons, no estado de Utah, sem avisar ninguém. Ao pisar em uma rocha que julgara ser firme, ela rolou e jogou Ralston no fundo de uma fenda, prendendo seu braço direito firmemente à parede. Aron tenta empurrar a pedra com toda a sua força, e nada. O que fazer? Ele está a quilômetros de qualquer cidade, fora da rota normal dos turistas e, o que é pior, ninguém sabe que ele está lá.

Danny Boyle, vencedor do Oscar por "Quem quer ser um milionário?" (2008) é o responsável pela versão cinematográfica desta aventura real vivida por Aron Ralston. Boyle e James Franco conseguem um feito e tanto, que é criar suspense e interesse em um filme que se passa quase o tempo todo dentro de um buraco. Por isso mesmo, o início de "127 horas" é bastante agitado, com um visual até exagerado e publicitário demais em que Boyle usa telas divididas e música muito alta para nos apresentar Ralston. O rapaz mora sozinho, está sempre com fones de ouvido e uma atitude hiperativa. Ao levar um tombo espetacular com sua bicicleta, ele não só dá risada como ainda tira uma foto de si mesmo com uma câmera digital. No caminho para o canyon ele encontra duas adolescentes perdidas e as leva para uma aventura em uma incrível lagoa escondida no fundo das rochas. O letreiro com o título só aparece depois de 15 minutos de filme, quando Aron percebe que está realmente preso no fundo da fenda.

Interessante como o filme mostra como o ser humano é frágil diante da natureza. Ainda assim, Aron tenta uma saída racional para seu problema. Com a mão livre, explora o conteúdo da sua mochila que, felizmente, tem uma garrafa de água e algumas barras de cereal. Ao menos ele não morreria de fome tão cedo. Ou será que os mantimentos só prolongariam o inevitável? Com um canivete ele tenta escavar um buraco para soltar seu braço, mas a rocha é sólida. As horas, e depois os dias, vão passando e o desespero só cresce. James Franco foi indicado ao Oscar por sua interpretação, que é bastante convincente. O diretor mantém o interesse do espectador mostrando flashbacks na forma de lembranças e sonhos de Aron, que pensa em sua família e sua primeira namorada. Interessante também a forma como a tecnologia moderna, se não consegue soltar Aron, ao menos lhe dá conforto; em vários momentos Aron faz declarações (ou fala consigo mesmo) para sua pequena câmera de vídeo, que carregava na bicicleta. É através do vídeo que ele se despede dos pais e lhes pede perdão. Há uma cena muito boa em que ele faz uma auto-entrevista, em que chega à conclusão que foi seu egoísmo que o colocou naquela situação.

Não vou falar sobre o final do filme, mas "127 Horas" levanta a questão de qual o limite para a sobrevivência? O que um ser vivo faz quando não tem nenhuma saída? Aron Ralston descobriu seu limite, e o espectador com ele. O filme está indicado ao Oscar de Melhor Filme, Ator (James Franco), Roteiro Adaptado, Edição, Trilha Sonora (A.R. Rahman) e Canção.


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