domingo, 26 de setembro de 2010

O Refúgio

Mousse (Isabelle Carré) e Louis (Mevil Poupaud) recebem a heroína tarde da noite. Louis prepara a droga cuidadosamente e os dois a usam durante a noite toda. Pela manhã, a mãe de Louis aparece no apartamento e encontra o filho morto no chão. Mousse é levada ao hospital e entra em coma. Quando acorda, descobre que o namorado está morto e que está grávida dele. Assim começa "O Refúgio", de François Ozon, em cartaz em Campinas no Topázio Cinemas.

É um filme pequeno e com poucos atores. E há algo na cinematografia francesa que gosta de contar histórias passadas em uma casa no campo, em contato com a natureza, longe da cidade grande; vários filmes com este cenário foram feitos nos últimos anos. É para uma destas casas no campo (perto do litoral, na verdade) que Mousse se muda durante a gravidez. Ela está longe de ser a mãe ideal. Viciada em heroína, toma vidros de xarope com metadona para impedir um aborto. Está sempre de óculos escuros e, de vez em quando, também bebe. Um dia chega à casa o irmão de Louis, Paul (Louis-Ronan Choisy), um rapaz jovem e bonito cujas intenções são incertas. Ele quer cuidar de Mousse? Gosta dela? Quer estar perto do futuro sobrinho?

"O Refúgio" não tem uma trama muito bem definida, lidando sobre o tema da solidão. Mousse estava com o namorado na noite da morte dele, mas nem presenciou o fato. Isolada agora na cabana, mesmo grávida e acompanhada de Paul, há nela uma solidão profunda. Seja por isso ou por carência, aos poucos ela começa a ter sentimentos por Paul. O problema é que a opção sexual dele é outra. Logo ele está saindo com Serge (Pierre Louis-Calixte), um rapaz que cuidava da casa e trazia mantimentos para Mousse. Em uma cena bizarra, um homem que se diz "atraído por grávidas" leva Mousse para a casa dele (por causa da "bela vista para o mar"). Não fica claro se eles transam ou não, mas a princípio Mousse só quer que alguém a abrace.

É um filme bem feminino. O diretor, François Ozon, já trabalhou com grandes atrizes como Catherine Deneuve e Isabelle Rupert em "Oito Mulheres" (2002) ou Charlote Rampling e Ludivine Sagnier em "À Beira da Piscina" (2003). Em "O Refúgio" ele deixa o filme ser levado por Isabelle Carré que, a propósito, estava realmente grávida durante as filmagens. O filme não é muito ambicioso e o final me pareceu muito calculado. Interessante que a trilha sonora foi composta pelo ator que faz Paul, Louis-Ronan Choisy, que canta a canção tema, acompanhado do piano, em uma cena.



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