domingo, 7 de junho de 2009

A Mulher Invisível

Estranho esse tipo de cinema comercial que tem se tentado fazer no Brasil. Após o enorme sucesso de "Se eu fosse você 2", chega agora às telas "A Mulher Invisível". O filme com Tony Ramos e Glória Pires já seguia a cartilha da troca de gêneros tão usada na comédia americana e replicada aqui com inesperado sucesso. Agora o filme de Cláudio Torres, com Selton Mello e Luana Piovani, também segue uma fórmula usada à exaustão: a do homem solitário que, por algum motivo, começa a ver alguém que ninguém mais consegue enxergar. Foi assim com Steve Martin em "Um Espírito Baixou em Mim" ("All of Me", 1984), ou com Robert Downey Jr em "Morrendo e Aprendendo" ("Heart and Souls", 1993), entre vários outros exemplos.
Em "A mulher invisível", Selton Mello (figura carimbada do cinema brasileiro) é Pedro Albuquerque, um controlador de tráfego no Rio de Janeiro, que é abandonado pela esposa Marina (Maria Luisa Mendonça, em aparição relâmpago), no início do filme. Ele entra em parafuso, deixa o emprego e se tranca no apartamento por meses seguidos. Um dia uma mulher estonteante (Luana Piovani, com pouca roupa) aparece à sua porta com uma xícara na mão. Sim, é o velho clichê da vizinha que foi pedir açúcar emprestado. Ela acaba se revelando a mulher "ideal"; é bonita, gostosa, arruma a casa, não liga se Pedro chega de madrugada depois de uma noitada e está sempre pronta para sexo. O problema é que ela não existe, sendo fruto da imaginação de Pedro. E este é o filme. Não é difícil imaginá-lo em Nova York ou Los Angeles, com Ben Stiller como Pedro e Cameron Diaz como a mulher de seus sonhos.
A julgar pelas gargalhadas ouvidas na platéia, a produção agradou ao público e, de fato, ela tem seus momentos. Selton Mello, com uns quilos a mais, faz uso de seus trejeitos e voz para tentar arrancar risadas mesmo nas cenas não muito bem escritas. Há também a personagem da vizinha real de Pedro, Vitória (Maria Manoella), que por anos escutou a vida dele através da parede da cozinha. Casada com um policial durão e indiferente, ela é apaixonada por Pedro mas nunca conseguiu se declarar. E a vida dela fica bem mais complicada quando a "mulher invisível" de Pedro começa a aparecer para ele.
O filme, assim, é produção descartável e destinado a diversão rápida, e está bem longe da produção anterior do diretor, "Redentor". No máximo, pode-se observar superficialmente como o perfil de homens e mulheres mudou na sociedade. Pedro é um homem "moderno", o que significa perdido. Sua idéia de mulher ideal ainda carrega um monte de machismo, mas pode-se notar também uma grande carência e necessidade de afeto. Desde o advento da libertação sexual e do feminismo, a mulher moderna é um ser muito mais prático. Quando a esposa de Pedro o troca, no início do filme, por um "modelo" importado alemão, ela lhe diz que as mulheres "nunca são felizes quando estão felizes", que ela quer aventura, risco. Selton Mello, na melhor frase do filme, responde: "Eu posso te fazer infeliz se isso te fizer feliz".


3 comentários:

Silvio Moser disse...

Um filme que faz o que o povo quer assistir no cinema : se divertir.
Aliás, é boa essa piovanni, né?
Moser

Fernando Vasconcelos disse...

Não dá, não dá. tem que ser meio alesado, retardado, pra se satisfazer com o humor tão pobre da fita, que nem Luana Piovani nua tem. Saudade das saudáveis e inocentes pornochanchadas brasileiras. Nicole Puzzi arrasaria com esse papel eh eh
E alguém ainda aguenta Selton mello e seus trejeitos previsíveis. Passou da conta há muito tempo. espero me surpreender com ele em Jean Charles, dizem que o diretou domou os cacoetes dele. A conferir.

abs
Fernando
www.kinemail.com.br

João Solimeo disse...

O Selton Mello sofre de super-exposição há um bom tempo...o cara está em todas. Eu me lembro de uma entrevista que ele fez à Fernanda Young em que ela dizia que isso é "carência", hehe. Reconheço que neste filme ele está em piloto automático, fazendo apenas o mínimo e umas caretas pro povo rir (e o povo ri muito). Quanto a Luana Piovani nua... escutei muita gente reclamando das cenas "fortes" de Budapeste. Falso moralismo? Não sei.

Mas concordo com você, o filme é fraquinho...o Cláudio Torres ousou muito mais em "Redentor", muito mais interessante.