quinta-feira, 13 de março de 2008

Juno


Juno era um dos filmes indicados ao Oscar que eu ainda não havia visto. O filme é muito bom e havia a suspeita de que, diante de tantos filmes "pesados" disputando, ele poderia até levar a estatueta. Não venceu (o prêmio foi, merecidamente, para "Onde os fracos não têm vez"), mas se beneficiou da publicidade extra e continua nas telas. O roteiro (da estreante que responde pelo nome de Diablo Cody, uma ex stripper) trata de uma garota de 16 anos que, apesar de senhora de si e bastante inteligente, engravidou na sua primeira e única transa com seu melhor amigo, Paul Bleeker (Michael Cera). Juno é interpretada pela ótima Ellen Page, de 20 anos, que conseguiu se transformar em uma adolescente de 16. A interpretação rendeu uma indicação ao Oscar e Page, de fato, carrega o filme nas costas (ou na barriga?).
O que poderia se transformar em um filme melodramático (ou em uma comédia burra) se revela um filme inteligente e gostoso de se ver. Ajuda o fato de que a família de Juno é o protótipo da família "liberal" americana. Assim, somos poupados de falsas lições de moral ou pais desesperados. Os dialogos entre Juno e sua melhor amiga com relação à gravidez demonstram a imaturidade da garota e o modo quase casual com que a situação é tratada. Juno chega a ir à uma instituição que pratica abortos em mães arrependidas, mas ela resolve que vai ter o filho e dá-lo a algum casal que queira adotar um bebê. Em um anúncio ela descobre um compositor de jingles cuja esposa (interpretada por Jennifer Gardner) está desesperada para ser mãe. O roteiro passa por várias situações que poderiam ter facilmente se tornado clichês, mas o filme inteligentemente os evita. O diretor, Jason Reitman, já havia feito a comédia de humor negro "Obrigado por fumar", e dirige o filme com leveza e tranquilidade.
O curioso a respeito de Juno e dos outros filmes candidatos ao Oscar este ano é que ele é divulgado como uma produção "independente", e a abertura em forma de desenho animado até reza pela cartilha do gênero, mas ele ousa muito menos do que os filmes dos grandes estúdios. "Onde os fracos não têm vez" e "Sangue Negro", apesar de produções caras e produzidos dentro do "sistema" hollywoodiano, são muito mais ousados e inovadores do que seu irmão mais novo. O resultado é que pouca gente viu os filmes dos irmãoes Coen e de Paul Thomas Anderson, mas Juno foi muito bem de bilheteria, obrigado.
E, de fato, é um bom filme. O elenco é simpático, os diálogos são bem escritos e a trilha sonora é envolvente. Provavelmente nunca uma história de gravidez adolescente foi tão tranqüila e bem sucedida, mas o filme é uma boa pedida.

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